segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
Consonant Sounds
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domingo, 11 de junho de 2017
Lembrança furta-cor
Conheço diversas cores
Brilhantes e opacas.
Cores amarelas com calor de vermelhas.
Cinzas com gosto de laranjas,
Brancas com cheiro de rosas.
Nesse dia diorama
Sorvi do cálice,
Calado,
O gosto imagético pigmentado.
Desde então
Desconheço
O roxo escuro do olhar.
O breu do esquecimento
Tirou-me a íris da memória.
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quinta-feira, 27 de abril de 2017
A casa grande persegue Lula e o povo sofre o golpe (Brasil queima)
Assisto um golpe em curso que não cessará sua sanha por
poder e destruição do povo.
CLT, SUS, INSS e o que mais houver com vontade social será
devorado pelo monstro insaciável. Atônitos, lenientes, ignorantes e impotentes
assistimos o monstro vencer, destruir, devorar e gargalhar.
Globotizados cospem xingamentos e o ódio irradiado por fricção
atômica atinge tudo e a todos. Não há mais pessoas, vejo apenas andrajos
entrecortados por gritos de horror e de torpor.
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segunda-feira, 3 de abril de 2017
LIVRE A GIRAR
Esqueço chaves,
Relógio,
Tempo ,
Ofensas,
Tristezas
E carteiras.
Certo dia,
Eu, de tão distraído
Perdi um amor.
Um tempo esquecido,
Interno de uma gaveta qualquer.
Depósito lotado,
Guarda-chuvas solitários.
Um desses atrevidos
Desvencilhou-se dessa opressão.
Guiado pelo vento
Girava em diagonal
Sob uma azulada manhã.
Céu leve de outono.
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segunda-feira, 6 de março de 2017
Parras poéticas
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Happy hour
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terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Quem te vê assim, com tanta imponência e sobriedade, não sabe que por trás de todas essas afeições que a vida deixou em você, esse jeito de quem não precisa de ninguém, mesmo assim eu sei que no fundo você gosta mesmo é de ser cuidada, e daquele cafuné cuidadoso para conseguir dormir em paz. Esse seu sorriso lindo esconde bem o semblante, muitas vezes de desânimo e tristeza, quando lhe conheci não precisei tomar dois copos de chope com você em uma mesa de um bar para conseguir um passe livre para ver tamanha fragilidade. Existem minúcias que somente os olhares mais aguçados são capazes de reconhecer.
É preciso mais do que tato, para se compreender a imensidão do outro. Noites em claro, dias nublados, falta de grana, banho de chuva, silêncio ou muito barulho. Dias assim todos temos. Mas aos meus olhos todos os seus disfarces não foram capazes de cobrir a sua verdadeira essência. Pra mim não é o tempo nem a oportunidade que determinam a intimidade, é só a disposição e a importância que você dá. Quatro anos podem ser insuficiênte para conhecer certas pessoas, e quatro meses mais do que suficiente para outras. Mas não pense que você é previsível, ninguém sai por aí vestido de previsibilidade. Como na velha parábola, " Para conhecer as borboletas primeiro deve-se ansiar com a mesma intensidade pelas lagartas." Tudo tem um propósito...
Hoje ha cada dia te conheço um pouco mais e sei como é difícil sustentar toda essa pose de indiferença com o mundo lá fora quando a sua insegurança muitas vezes grita e você pede um pouquinho mais de calma. Mas está tudo bem. Ninguém precisa saber disso, porque "nenhum grande guerreiro anuncia aos quatro ventos o seu ponto fraco. Aqueles que desejam vencer a batalha junto a ele, descobrem, entendem, e aceitam."
A magia de te ver assim, aos meus olhos, é que fico imaginando quantas coisas você também foi e é capaz de enxergar sobre mim. Para cada pessoa que cruza o nosso caminho a gente é um ser diferente, eu nunca fui assim com ninguém, e cada um teve e tem de mim aquilo que cativou. Acontece que para algumas pessoas que cruzam a nossa vida, nenhum detalhe passa despercebido, e com você nada passa. É simplesmente incrível como a gente se mostra sem querer, aí quando já se viu nossos segredos,eles já se moldaram na aceitação do outro e tudo virou uma coisa só, é o que a gente carinhosamente chama de parceria. As vezes é preciso tempo para os sentidos se ajustarem. Nada é o que parece a primeira vista.
É quase como ir ao cinema. Alguém passa o filme que a gente escolheu na tela e à medida que o enredo se desenvolve a plateia decide se vale a pena continuar até o final ou se desiste da trama e vai comer uma pizza na esquina. Se alguém te deu um ingresso para o filme da sua vida, compre uma pipoca e sinta-se muito honrada. Com sucesso, antes dos créditos finais você já conseguiu se ver nos gestos, nas inconsistências, nos sorrisos tímidos daquele protagonista.
Amei você, não pelo que você poderia me oferece ou pelo que ainda poderá, mas por tudo aquilo que você me permitiu descobrir sobre você.
O convite é para você que se olha todos os dias e as vezes fica em dúvida sobre quem é realmente. Se permita, se encontre, se doe e receba, ame, se permita ser amada, chore e sorria também. Sorte na vida é ter alguém para contar sempre quando precisamos e dividir um pouco da gente também. A nudez mais linda é a do coração, essa não esconde mesmo. E que você seja sempre desta forma, surpreendente, e com a delicadeza incomparável de quem sente muito além daquilo que vê. Cegos são os olhos que se deixam enganar por uma miragem, bonito mesmo é a bagunça do lado de dentro (e tudo aquilo que vejo quando eu olho através de você)...
"Vanessa Nascimento."
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Amor à primeira lida
Contava sete anos
quando me deparei com ela. Empatia recíproca, entre tantos garotos que lhe
fizeram a corte, tinha eu grande chance de ser seu escolhido.
Era a escola o
principal cenário de nossos encontros. Diariamente eram-me reveladas algumas
particularidades de sua personalidade, seus meandros e possibilidades. Eram
inúmeros.
Bibliotecas,
bancas de revistas, Chico Buarque, Oswaldo Montenegro, Domingos de Oliveria,
Glauber Rocha, Aldoux Huxley, George Orwel, Karl Marx e muitos outros que
conheci através de seu intermédio fizeram-me ficar mais apaixonado por ela.
Como saber se era
correspondido? Como saber se estava à altura de suas expectativas?
Como não tinha
certeza se teria sucesso ao me declarar para ela, resolvi investir em meu
intelecto e conhecimento de mundo. Acreditava que se tivesse leitura e viagem
suficiente, conseguiria conquistar seu amor e devotamento.
Passava o tempo,
livros e autores. Cada nova obra que conhecia era um motivo para aumentar minha
estima por ela e a incerteza do seu sentimento por mim. Ela era gentil, dócil,
amiga, meiga e envolvente. E amor? Ainda não havia resposta.
Muitas vezes
pensara em declarar-lhe minhas intenções e acabar com essa dúvida.
Em meus devaneios
apaixonados, ela tomava a iniciativa e confessava-me que sempre me amou , que o
fato de eu lhe admirar já era prova suficiente de amor e de uma união que seria
para sempre feliz. Ah, imaginava com tanta concretude que por um átimo essa
cena me parecia realíssima.
Quando atingi a
maioridade de meus sentimentos e impulso, entendi que chegara a hora de ser
franco, sincero, sem temer a possível rejeição. Ela sabia de meu caráter, minha
boa índole e não iria se ofender se lhe expusesse meus recônditos sentimentos.
Com voz melíflua,
em um fim de tarde com o rosto contra a luz segredei-lhe anos de paixão,
devotamento e ardoroso amor apaixonado.
Contei-lhe os
inúmeros livros que lera, discos que ouvira, peças teatrais que assistira,
debates culturais que participara no afã de estar à sua altura, cultural e
sentimentalmente ,e assim, confessar todas as sentimentalidades de enamorado,
que fora cativado por ela, enfim, contei-lhe que a amava.
Ela, como
resposta, dissera que o amor sempre esteve entre nós. O amor sempre estará
entre cada vírgula e reticências de nossas efêmeras vidas. Assim tornei-me
amante da palavra.
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