Escorado do lado de fora da festa, Gabriel devora um
espetinho de carne com um refri que ajuda a não descer a seco, enquanto espera
seus parcerias. Conclui que sim, deveria ter ouvido seus pais e trazido uma
blusa. Carros vem e vão, eles ainda esperançosos em uma virada na noite, e elas...
estavam mais belas no inicio dessa função toda. Hoje ele entende o lixo e o
luxo disso.
Avalia a noite (3 e
um cel) e onde pode melhorar. Observa uma guria sentada na beira da calçada com
a cabeça entre os joelhos repetindo o nome do ex, e fica feliz em saber que
sabe fazer festa sem bebida. Uma amiga segura seus cabelos enquanto um
desconhecido filma a cena toda em seu smartphone, e pergunta a moça embriagada:
“Por acaso tu comeu pizza?”.
Vê gente alta e baixa, em altura e lucidez. Se questiona em
como pode ser engraçado e contraditório, encher um lugar com pessoas vazias (merda... já tô ficando cabeça de novo... vou dar um tempo no Pink Floyd...) e se esforça para não esquecer de anotar
isso em seu caderno de composições. É empurrado por pessoas fugindo do início
de uma briga – cadeiras e garrafas voando, nada de mais. No meio do bolo
enxerga Bruno, um dos parcerias. “6
cara!!! 6 cara!!!” diz entusiasmado ele os fatos/contos, descrevendo como o
seu fuckingreatpimp method para pegar
mulher é infalível.
Enquanto se diverte com as histórias, avista um dos closes: “Hum... dá pra andar de mão dada e apresentar em casa” pensa em voz alta enquanto ela o
reconhece, ri e comenta com as amigas. Ele sorri levemente e sem mostrar os
dentes, acena positivamente com a cabeça respondendo ao “me liga” dela – e ganha o respeito de Bruno.
Enfim aparece Leo, emprestando a jaqueta para a ficante – um
legitimo gentleman. E se demoram nas
despedidas e troca de números. “Será que
vamos perder mais um? não se
desgrudam...” diz Bruno. É bem verdade, e a bem da verdade sim, Gabriel
sente uma inveja boa da situação. Conversas, beijos, abraços, desliga você, quartadosofá, filme, vem logo, tô com saudade, não demora, to te esperando, planos, tá bom, nada, beiço, ciúme, brigas,
idasevindas. Fim, fossa, poço. Amigos, festas, liberdade.
Leo se solta, e entram no carro já dia claro. A conversa
segue até o sono se mostrar mais forte que Bruno e Leo, deixando Gabriel na
companhia da estrada e de uma lata de Red Bull. Casa, banho e cama. “Adorei te conhecer, bjo” lê em voz alta
a msg recém recebida dela. Percebe como 95% das coisas que planeja não saem
como planejado, e mesmo assim, tudo acontece fucking awesomente bem. Responde a msg sem a certeza para onde nem
até quando isso tudo vai – e nem como. E
quem sabe do que depende?
Do alto da sua imaturidade, tem como certo apenas o fim e o
tempo. Para tudo e para todos. E sabe que ventos certos trarão a onda certa - e ela não vai se atrasar, nem se adiantar.
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