quinta-feira, 2 de outubro de 2014

JULIÃO , O BRASILEIRO



    
    A personagem mais brasileira que conheço chama-se Julião.
   Julião é o inteligente e pobretão parente distante de Jorge no romance “O primo Basílio” de Eça de Queiroz.
   Julião é advindo da classe proletária portuguesa, similar a atual classe “C” brasileira, inadaptado e isolado; um materialista revoltado contra a sociedade porque se sente desprezado por esta, almejava pertencer economicamente ao invejado circulo de seu parente engenheiro.
   Em meio ao clímax da novela, Julião chega mesmo a ser humilhado por Basílio quando fora visitar Luíza, esposa de Jorge.
   A humilhação foi registrada em forma de queixa a um amigo, no calor da emoção dizia se orgulhar de suas botas proletárias, mas dignas.
   Julião por ser inteligente e desprovido de renda digna, é o que mais sofre no romance.  Recebeu apelidos sugestivos como "tripa velha", " isca seca", " fava torrada", " saca rolhas".
   Nas páginas finais da obra, Eça de Queiroz presenteia o herói com uma vaga na esfera pública lisboeta.
   Julião dá adeus as humilhações e privações de todas as páginas passadas, agora é que a vida começa.
   Agora classe média , Julião desprezava os pobres e abraçava os valores da nobresa portuguesa, similar aos valores da elite brasileira.
   A semelhança entre Julião e os eleitores de Marina Silva, entre eles a rede GLOBO , não será coincidência , será aristotélico. A vida imita a arte!

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